sábado, 20 de junho de 2009
Transferência de endereço do blog
Cordiais saudações a todos!
quinta-feira, 18 de junho de 2009
Modus Vivendi
sábado, 2 de maio de 2009
A gripe dos porcos e a mentira dos homens
O governo do México e a agroindústria procuram desmentir o óbvio: a gripe que assusta o mundo se iniciou em La Glória, distrito de Perote, a 10 quilômetros da criação de porcos das Granjas Carroll, subsidiária de poderosa multinacional do ramo, a Smithfield Foods. La Glória é uma das mais pobres povoações do país. O primeiro a contrair a enfermidade (o paciente zero, de acordo com a linguagem médica) foi o menino Edgar Hernández, de 4 anos, que conseguiu sobreviver depois de medicado. Provavelmente seu organismo tenha servido de plataforma para a combinação genética que tornaria o vírus mais poderoso. Uma gripe estranha já havia sido constatada em La Glória, em dezembro do ano passado e, em março, passou a disseminar-se rapidamente.
Os moradores de La Glória – alguns deles trabalhadores da Carroll – não têm dúvida: a fonte da enfermidade é o criatório de porcos, que produz quase 1 milhão de animais por ano. Segundo as informações, as fezes e a urina dos animais são depositadas em tanques de oxidação, a céu aberto, sobre cuja superfície densas nuvens de moscas se reproduzem. A indústria tornou infernal a vida dos moradores de La Glória, que, situados em nível inferior na encosta da serra, recebem as águas poluídas nos riachos e lençóis freáticos. A contaminação do subsolo pelos tanques já foi denunciada às autoridades, por uma agente municipal de saúde, Bertha Crisóstomo, ainda em fevereiro, quando começaram a surgir casos de gripe e diarreia na comunidade, mas de nada adiantou. Segundo o deputado Atanásio Duran, as Granjas Carroll haviam sido expulsas da Virgínia e da Carolina do Norte por danos ambientais. Dentro das normas do Nafta, puderam transferir-se, em 1994, para Perote, com o apoio do governo mexicano. Pelo tratado, a empresa norte-americana não está sujeita ao controle das autoridades do país. É o drama dos países dominados pelo neoliberalismo: sempre aceitam a podridão que mata.
O episódio conduz a algumas reflexões sobre o sistema agroindustrial moderno. Como a finalidade das empresas é o lucro, todas as suas operações, incluídas as de natureza política, se subordinam a essa razão. A concentração da indústria de alimentos, com a criação e o abate de animais em grande escala, mesmo quando acompanhada de todos os cuidados, é ameaça permanente aos trabalhadores e aos vizinhos. A criação em pequena escala – no nível da exploração familiar – tem, entre outras vantagens, a de limitar os possíveis casos de enfermidade, com a eliminação imediata do foco.
Os animais são alimentados com rações que levam 17% de farinha de peixe, conforme a Organic Consumers Association, dos Estados Unidos, embora os porcos não comam peixe na natureza. De acordo com outras fontes, os animais são vacinados, tratados preventivamente com antibióticos e antivirais, submetidos a hormônios e mutações genéticas, o que também explica sua resistência a alguns agentes infecciosos. Assim sendo, tornam-se hospedeiros que podem transmitir os vírus aos seres humanos, como ocorreu no México, segundo supõem as autoridades sanitárias.
As Granjas Carroll – como ocorre em outras latitudes e com empresas de todos os tipos – mantêm uma fundação social na região, em que aplicam parcela ínfima de seus lucros. É o imposto da hipocrisia. Assim, esses capitalistas engambelam a opinião pública e neutralizam a oposição da comunidade. A ação social deve ser do Estado, custeada com os recursos tributários justos. O que tem ocorrido é o contrário disso: os estados subsidiam grandes empresas, e estas atribuem migalhas à mal chamada "ação social". Quando acusadas de violar as leis, as empresas se justificam – como ocorre, no Brasil, com a Daslu – argumentando que custeiam os estudos de uma dezena de crianças, distribuem uma centena de cestas básicas e mantêm uma quadra de vôlei nas vizinhanças.
O governo mexicano pressionou, e a Organização Mundial de Saúde concordou em mudar o nome da gripe suína para Gripe-A. Ao retirar o adjetivo que identificava sua etiologia, ocultou a informação a que os povos têm direito. A doença foi diagnosticada em um menino de La Glória, ao lado das águas infectadas pelas Granjas Carroll, empresa norte-americana criadora de porcos, e no exame se encontrou a cepa da gripe suína. O resto, pelo que se sabe até agora, é o conluio entre o governo conservador do México e as Granjas Carroll – com a cumplicidade da OMS.
Fonte: Jornal do Brasil, 01/05/2009.
Ficha Eletrônica
Estimados Alunos,
Reitero o pedido de envio por e-mail, para o endereço ficha.edu@gmail.com, de uma ficha eletrônica, em documento do Word, com os seguintes dados:
- Fotografia
- Nome completo
- Matrícula (no caso dos calouros, se já souberem)
- Telefones de contato
- E-mail
- MSN e/ou Skype
No campo assunto informem a universidade, o curso, o campus (se for esse o caso), e a turma (informe os dias e horários de aula).
Os dados são para meu uso pessoal e visam ao acompanhamento individual de cada aluno, buscando identificar-lhes as principais demandas e dificuldades. A experiência segue no sentido de mitigar o caráter massivo do ensino universitário.
Aqueles que já enviaram a ficha desconsiderem essa mensagem.
Cordiais saudações,
Rickson
Textos Normativos no Blog
Prezados alunos,
Publiquei na barra lateral do blog uma série de textos normativos que utilizaremos durante o curso. Baixem-nos e imprimam-nos para que possam melhor acompanhar as aulas.
Abraços a todos e bom final de semana!
segunda-feira, 6 de abril de 2009
Ficha eletrônica
Solicito a todos que me enviem por e-mail, para o endereço ficha.edu@gmail.com, uma ficha eletrônica, em documento do Word, com os seguintes dados:
- Fotografia
- Nome completo
- Matrícula (no caso dos calouros, se já souberem)
- Telefones de contato
Aproveito para desejar-lhes uma feliz Páscoa!
Cordiais saudações,
Rickson
quarta-feira, 18 de março de 2009
O sem-teto de Paris
Há onze anos morando num aeroporto,
imigrante é autorizado a partir –
mas não quer sair de lá
Merhan Karimi Nasseri é um personagem singular. De nacionalidade incerta e sem passaporte, está confinado há onze anos no mais improvável dos endereços, a ala de trânsito do Aeroporto Charles de Gaulle, em Paris. Nenhuma autoridade o pôs para fora, durante todo esse tempo, por uma estranha razão legal. Sem documento de identidade, ele não podia entrar em nenhum país, nem mesmo na França, e estava condenado a viver numa espécie de limbo. Isso mudou há duas semanas, quando as autoridades francesas lhe concederam um passaporte de refugiado político, que permite viajar para onde quiser na Europa. Aí aconteceu o que ninguém esperava: Nasseri simplesmente não quer sair do aeroporto. Diz não ter para onde ir. "A reação dele é compreensível", diz Philippe Bargain, chefe do serviço médico do aeroporto. "Imagine o que é esperar durante onze anos por algo e, de repente, em poucos minutos, assina uns papéis e pronto."
Nasseri é um dos casos mais bizarros na história das migrações. Sua estranha odisséia começou em 16 de novembro de 1988, dia em que se apresentou ao balcão da British Airways, em Paris, munido apenas de uma passagem de ida para Londres. Explicou que seus documentos haviam sido roubados numa estação de trem da capital francesa. Contrariando todas as regras, os franceses permitiram que tomasse o avião. Como era de se prever, os ingleses o despacharam de volta no primeiro vôo. Como também não podia entrar na França, Nasseri sentou-se num banco e ficou à espera de que resolvessem seu problema. Por fim, descoberto pela imprensa, ele se tornou personagem popular no aeroporto. A polícia francesa entregou-lhe uma declaração carimbada na qual se lê: "vivo no aeroporto com a permissão da polícia e da British Airways". E o deixou em paz.
O passado de Nasseri é uma incógnita. Ele diz ter 54 anos e ser filho de uma enfermeira inglesa e de Abdulkarim Nasseri, um médico iraniano perseguido pelo governo de seu país. Mas até hoje ninguém conseguiu confirmar essa história. Um funcionário do aeroporto parisiense o apelidou de "Sir Alfred", nome com o qual se apresenta hoje. E, como um lorde inglês, Nasseri está sempre impecável. Dorme sentado num banco. Ele toma banho todos os dias nos banheiros públicos e lava suas roupas na lavanderia do aeroporto. Passa o dia ouvindo música em seu walkman e lendo publicações inglesas deixadas ali pelos passageiros. De vez em quando, dá uma volta no setor de embarque, localizado no piso superior. Ordens do médico, que diagnosticou um problema em seus tornozelos devido à falta de mobilidade.
Durante todos esses anos, Nasseri sobreviveu da boa vontade alheia. Funcionários de companhias aéreas lhe presenteiam com vales-refeição ou com artigos de limpeza que sobram da primeira classe de vôos. Viajantes que souberam de sua história lhe enviam dinheiro pelo correio (endereço: Sir Alfred, Charles de Gaulle Airport). Nasseri, porém, detesta que o tomem por um mendigo. "Minha moral é a honestidade e o serviço aos outros", assegura, orgulhoso de já ter devolvido inúmeras carteiras esquecidas pelos passageiros. Sua história no aeroporto está perto do fim. Enquanto não decide para onde vai, Merhan "Sir Alfred" Nasseri continua indiferente a todas as chamadas do alto-falante. Como fez nos últimos onze anos.